terça-feira, 25 de março de 2008

Podem deixar seus comentários, parece que não serão postados mas o que acontece é que recebo por e-mail o que vcs escrevem. Então vcs mandam o recado e eu publico. Assim que descobrir como faz para postar direto eu aviso.
BJIM
Cel
Pensando sobre o delírio do sábado.

Acredito ter havido uma grande confusão com o que realmente seria aquela ausência, no loooooongo sábado a noite ( que aliás, era sexta-feira). Não, o que está escrito aí em baixo não é amor - talvez pense assim para me defender - mas é explicito demais para ser amor. Amor é mais sutil, carnal sim, (pois o que seria do amor sem o desejo?) mas não tão sexual. Amor me parece ser mais delicado, com olhares para a natureza, para as cores do entardecer, para os risos, para mãos entrelaçadas, para cumplicidades, para cuidados mútuos.
A ausência sentida alí me parece somente deseo ( mon dieu! quando é que isso acaba??). Algo como querer resolver o que não se resolve "o que será que me dá, que brota a flor da pele". Não, realmente não. Aquela ausência era só um corpo solitário embevecido de memórias táteis.
Somente fazendo o exercício, olhar de longe, tentar verificar o que a si mesmo agrada e o quanto podemos nos equivocar com nossas sensações.
Quantas vezes, nos confudimos com o amor, com o afeto, com o desejo. Em alguns relacionamentos, de tão confusos, nos engamos e continuamos a nos enganar somente pelo prazer, empurramos nossos erros para longe e só queremos buscar aquilo que nos dá o alívio imediato. E vamos dizer a verdade, o desejo de ter, na maioria das vezes, é confundido com o desejo de amar. De querer alguém para suprir nosso vazio ou tornar a nossa vida menos enfadonha, trazer alguma emoção para o dia-a-dia. Alguém com quem possamos falar daquele momento do dia em que fomos surpreendidos por algo que nos fez refletir. Talvez um filme que nos tocou. Alguma conversa ouvida no ônibus que nos fez rir. Alguém estranho que enconctramos na rua...
Outras vezes ficamos cegos de tanto amar, não conseguimos detectar o pesadelo que estamos nos tornando para o outro, que nos conheceu de um jeito mais brando e forte. Não falo aqui do egoísmo no amor, esse será outro tópico, com certeza. Falo aqui, daquele amor maduro que liberta, que ouve, que consegue enxergar no outro, não a sua metade que falta, mas sim, aquilo que vai além de você, que acrescenta a você coisas que não conseguia perceber. Falo desse amor libertário, que se torna nítido quanto mais forte vai ficando. Também não falo daquele amor rotineiro de beijinhos de: tchau vejo vc no jantar, " e me beija com a boca de ortelã" não, esse amor que parece definitivo de tão acomodado.
O amor deve ser reinventado. Respirar a feitura do dia após o outro, burlar as próprias regras, desacomodar, ser inseguro e provocador a ponto de sempre estarmos achando que estamos pulando do alto de uma montanha, vendo tudo que há em volta e com muita emoção mas, ainda assim, saber que está alí envolto pelas cordas que permitem o vôo e o pouso. E então, olhar para o alto e querer pular novamente.

segunda-feira, 24 de março de 2008

AUSÊNCIA




É no sábado a noite que ela vem...
Mais forte que eu
De Mansinho chega
Me afaga
Seduz
Tateando meus poros
Toca minhas veias sob a pele

Meus olhos...

Os hibiscos no vaso
A luz refletindo estrelas na parede
Com volúpia,
Quase a força,
Num impulso
Toca meus lábios
Desliza em minha cintura

Mente vazia
Só penso seu sexo em minha boca
Coerência
Clamo clemência
Seu olhar me ilude

Entra em mim...
Sua língua quer alcançar minha alma
Desligo...

Tateia meu corpo insano já.
Me convida a ficar.

A sombra do seu corpo,
Espectro na parede.
Quem é
Maldita, quero-a morta

Tão longo o sábado a noite!!!
É você aqui
Minha única e inconsolável companhia.

domingo, 16 de março de 2008

Conversas no coletivo

_ Meu irmão eu vou é faze que nem tu. Vou trabalhar de cobrador um ano, depois de motora por dois ano e ai e compro uma carreta com o dinheiro que economizei.
_É.
_É isso mesmo que vou faze. Mas não é uma carreta daquelas não. É daquelas grande pra dormir na cabine nos posto de gasolina, por estas estradas tudo de meu Deus.
_ Tando com Deus tudo se resolve.
_É isso mesmo não pode se afastar da palavra dele.
_Não sempre to orando e vou conseguir fazer tudo issso.
_É.
_Ô meu, tem cada princesa aqui né??
_É!!!
_O homem perde até o raciocínio...
_É!!!!
_Isso é coisa de Deus, as mulher ser assim. Elas enfeitiçam os homem, deixa os homem tudo bobo, deixa os home tudo desnorteado e depois faz a gente de bobo. Aí a gente fica pilhado e tem que obedecer. Isso é coisa de Deus prá aprumar os homem.
_É!!!
_Tem também os que são peroba...é são peroba meu...(risos)
_Deus me livre de uma coisa assim.
_è e tem mulher peroba também.
_É!!!
_É muito feio peroba, homem gosta de homem mulher gosta de mulher.
_É!!
_ (risos) Eu tenho um irmão que é peroba cara, ele é economista e muito distinto, mas é perooooooba.(risos) ele gosta mesmo é de roçar a barba no cangote do outro.(risos)
_(risos)
_ O meu tu tens que ir lá na igreja, já disse todo dia de primeiro de janeiro a trinta e um de dezembro, todo dia as nove horas. Não deixa de ir.
_Tá.
_Tchar irmão.Fica nas mão do Senhor. E aparece lá na Igreja.
_Tá. Tchau.


Bom, agora basta tirar as conclusões(por favor sem preconceitos ok??) e pensar que final de domingo pode ter alguém que houve um diálogo desse.

Assisti "Cama de gato", um filme interessante e que promove algumas questões, digo que não só pela abordagem: gênero, idade, classe social, mas sim pelo discurso senso-comum que temos todos nós. Então após ouvir o diálogo acima, refleti o quanto trazemos, mesmo sem perceber, os vícios de julgamentos e falares desprovidos de sentido, apenas deixando as palavras pularem de nossas línguas como esgotos derramados pelas ruas.

O filme aborda também a impunidade mas, para mim, aborda nossa cegueira.
E reserva ainda para o final o soco que faltava.
Gostei muito e recomendo. A mim foi recomendado pelo meu amigo Adriano.











SinopseCristiano (Caio Blat), Gabriel (Cainan Baladez) e Francisco (Rodrigo Bolzan) são três amigos que moram em São Paulo, que assim que concluem o ensino médio decidem sair pela noite em busca de diversão. Em sua tentativa de se divertir a todo custo eles acabam estuprando e matando uma adolescente.

Curiosidades- Foi produzido em vídeo digital, com algumas seqüências em celulóide. - A trilha sonora é composta por músicas de bandas desconhecidas, selecionadas através de uma campanha pela internet.- Estréia de Alexandre Stockler no cinema. - Teve um orçamento de R$ 13 mil, sendo que toda a equipe técnica e elenco não cobraram cachê. Fonte http://www.adorocinema.com/filmes/cama-de-gato/cama-de-gato.asp

quinta-feira, 13 de março de 2008

quinta-feira

Então começo esse dia depois de um pesadelo em que um amigo mata outra amiga.
Revelador?? Talvez...penso que a caverna faz-se presente mais uma vez.. a vida como sombras projetadas na parede.
Timidez.... descaso???
Talvez "deixar de ser preguiçosa e começar a mentir" seja uma alternativa bastante interessante.. (Persona,Bergman)
Talvez apenas encarar este dia...sim, todos os dias uma fera a ser morta...procurar o silêncio das palavras ditas, mergulhar num abismo de palavras escritas...
Novamente o silêncio....

Ok. Vou tomar meu diazepam. Talvez eu consiga ser uma pessoa quase sã...





http://www.youtube.com/watch?v=HbbTBbIPPow

quarta-feira, 12 de março de 2008

é quase o que sinto...tão logo possa...

LIBERTAÇÃO.

O meu destino é partir.
Reunir as partes de todas as partidas e partir inteiramente.
Reunir as audácias sem retorno e fazer pedras de caminho
e das pedras pão e do pão rumos e de tudo forças sobre a terra sobre o dia.
Tudo no corpo em círculos concêntricos expansivos
como ecos de gritos noturnos.
Longe é um ponto cardeal qualquer.
Vim dessa íntima exatidão.
Vim do Distante em fuga em febre frontalmente
como uma falésia penetrando pelo mar alto
e sou a amazona e a heroína fatal da trama terrível que vou tecer ao sol com fios de saliva
da boca de monstros nas praias que ainda não há.
É esta emoção o sentido íntimo de principiar.
Um excesso de vibração cordas desfibrando-se.
batem martelos nos meus nervos incandescentes.
os olhos transformam-se em sóis vulcânicos
e a realidade das coisas inflama-se.
Metamorfose.
Enamorei-me de uma espada
beijo-a todas as manhãs todas as madrugadas
sempre grata livre Heróica.
Sei que há raras mulheres guerreiras
como raros homens oceânicos.
Tudo depende da exatidão férrea da alma.
Tenho loucura bastante para embebedar a infinita humanidade
passada e futura com a substância vital de alucinado Quixotes.
Meu corpo inflamável é um profeta que delira deuses.
Vinho novo em odres novos loucura nova em mulheres novas
para a plena possessão da embriaguez de si próprio.

(Paulo Renato Cardoso, in "órbitas primitivas" quasi, 2007)

o começo









Hoje...bom... hoje ....http://www.geraldinegeorges.be/