quarta-feira, 29 de outubro de 2008

PARA MEU AMIGUINHO CARLINHOS

Gosto muito deste clip do Arnaldo Antunes

Qdo vejo, lembro da música da Amdrea Dias; Linfa Ácida






segunda-feira, 29 de setembro de 2008

A Flor Máis Grande do Mundo (José Saramago)

Ensaio sobre a Cegueira

Achei essa crítica sobre o filme muito interessante e muito perto do que apreendi do filme.
Ensaio Sobre a Cegueira (Blindness),
de Fernando Meirelles (Brasil/Canadá/Japão, 2008)
por Cléber Eduardo

Entre o apagamento da visão e o apagamento da imagem

Uma cidade acinzentada, sem cores, e um sinal vermelho. Pare! O sinal muda para o verde, mas, na cidade sem cores vivas, os carros permanecem parados. Um oriental pára de enxergar. Não consegue mais deslocar-se com seu carro. Cegueira branca, cegueira da visão ofuscada, cegueira do excesso de imagens. Antes do anúncio da cegueira, antes do sinal verde, vemos um anúncio de revista. Um sinal somado ao sinal vermelho que tem como resultado a cegueira. A + B = C.

Não deixa de ser curiosa a relação por oposição entre o filme transnacional de Meirelles e o filme paulistano de Walter Salles, Linha de Passe, no qual ao final ouvimos uma voz ordenar a si mesmo, aos personagens próximos e ao próprio espectador para se “andar”. Um chamado ao deslocamento e contra o imobilismo. O sinal vermelho em primeiro plano no começo de Blindness, seguido do início da epidemia de cegueira, parece nos levar ao avesso do mantra ao final de Linha de Passe. Em vez de “anda, anda, anda”, em forma de som, vemos o “pare, pare, pare” em forma de imagem. Um sinal. Salles chega a seus propósitos pelas vozes; Meirelles, pelos sinais. Ao final, quando se olha para a cidade ao fundo, não sabemos se nos diz “continue”, irmanando-se com o “anda” de Salles e constatando uma transformação, ou se nos sussurra “não há como continuar”, e que ter visão não é tão diferente de estar cego.

Entre o primeiro plano, do sinal; e o plano final, da cidade, há um problema cinematográfico. Ensaio Sobre a Cegueira, o filme, é esse problema de cinema desde a decisão de Fernando Meirelles de adaptar Ensaio Sobre a Cegueira, de José Saramago – e não porque o livro tenha um estilo particular ou ofereça dificuldades para o cinema. Seu problema não é de adaptação, por priorizar a ação em detrimento do fluxo mental da espera, por valorizar o “agir” sobre o “sentir”, ou ainda a alegoria indefinida sobre a experiência em determinado lugar. Não é de adaptação se fugirmos da noção de uma boa adaptação, seja qual noção for, se de fidelidade a um espírito do original, ou de transcriação a partir de uma matriz. É questão importante, claro, mas também inibidora. Porque um filme, antes de ser uma adaptação, é um filme. Valorizar o agir e a alegoria é característica da proposta deste Blindness e, se decidirmos condená-la de antemão, sem entender como se articula no filme e com quais efeitos, estaremos interditando o filme de Meirelles, sem levá-lo em conta tal qual é. E Blindness, com todos os questionamentos possíveis de se fazer às suas articulações, opta em ser, sim, um filme de ação, não de espera, e um filme alegórico, não imerso em uma experiência determinada, mas a partir dessa experiência.

Seus problemas cinematográficos, portanto, são menos de visão de cinema, ou mesmo de visão de mundo, mas de visão no próprio filme, com sua visão de cinema e de mundo. Um problema de instância narrativa. Se nos parece claro que a interdição é um mal necessário (o sinal vermelho, a cegueira), quase uma punição, mesmo sendo colocada no filme de maneira um tanto “nebulosa” (ou míope), a questão está na posição da instância narradora diante dessa interdição, dessa punição e das conseqüências desse processo. Qual a visão do filme para o que é mostrado em quadro? Como constrói essa visão sobre a perda da visão? Qualquer pergunta aos sons e imagens, ou mesmo qualquer pergunta feita a qualquer filme de Fernando Meirelles, não terá respostas confiáveis na diegese. E não há garantia alguma de que soluções expressivas importantes para o filme, para o bem ou para o mal, sejam frutos de uma certa aleatoriedade intuitiva, não de um pensamento para a imagem ou de uma imagem pensante.

Que imagens escolher para filmar uma epidemia de cegueira em uma grande cidade contemporânea (na qual todos falam inglês)? Apenas filmar as pessoas movimentando-se com dificuldade, tropeçando, dando esbarrões e olhando para o horizonte perdido, ou introjetar a cegueira na própria imagem do filme? Para onde direcionar o caráter simbólico de uma epidemia de cegueira branca? Como os novos cegos reagem a uma situação na qual caminham e agem no branco total (sem alusões a marcas de sabão em pó)? Essas questões passam por escolhas estéticas geradas pela necessidade de se gerar imagens para personagens sem visão, mas também por escolhas dramáticas, semânticas e políticas, no sentido de se organizar os sentidos da cegueira geral e dos efeitos dela no comportamento das pessoas. Temos de ter em vista a forte conotação da visão como metáfora de consciência, ou da imagem como entrave a essa consciência, desde pelo menos a projeção das sombras na caverna de Platão. A visão engana ou a visão revela? A visão é cegueira ou a visão é a luz? O excesso de visão não é a cegueira?

Comecemos pela opção de tingir a tela de branco em determinados momentos. Essa operação torna o filme cego como os personagens, amalgamando-se a eles, mas, em mais de uma situação, o fundo branco do plano volta a ser imagem de algo, de um ambiente ou de uma cidade (plano final), como se o filme voltasse a enxergar para além dos personagens. Não há adesão ao branco total de forma radical, mas circunstancial, algo talvez compreensível se levarmos em conta, como não podemos deixar de levar, o fato de uma única personagem ainda enxergar. Será ela a mediadora? Essa operação de aproximação e distanciamento em relação à visão dos personagens é esboçada logo nos primeiros minutos, dentro de um carro em movimento, quando o virtuosismo visual nos mostra uma diegese de imagens quase abstratas, não porque haja ausências, mas por conta dos excessos, seja do fluxo por imagens não definidoras de nada, seja das alterações nos planos ou dos planos.

Em outros dois momentos, a voz de um dos personagens começa a narrar sentimentos e acontecimentos, virando uma voz off do filme e no filme, embora esse personagem seja menor na narrativa. Como ele sabe mais? Não deixa de ser contrastante que, diante de um mundo todo branco para quase todos, a voz do negro saiba mais. Seria o filme vítima do próprio fenômeno contemporâneo mostrado em quadro? Estaria cego por querer ver demais, não como pensava Vertov (ver melhor com o olho-máquina), mas “um demais” puramente quantitativo, sem necessariamente foco e uma pauta racional? Essa voz surgida do nada não seria mais um sinal da falta de lógica a reinar sobre aquele mundo e sobre a própria dinâmica do filme? Estar cego não é caminhar sem clareza do percurso e esbarrar em objetos ou corpos pelo caminho? A desorientação não é compartilhada por personagens e instância narradora?

No entanto, o filme não é sobre si mesmo ou sobre a imagem contemporânea, mas sobre aqueles personagens sem visão, que, sem saber a razão da epidemia e sofrendo no estômago a estratégia de confinamento do Estado, ainda lidam com a tirania de alguns outros cegos. A situação-limite parece não produzir um “novo homem”, despido de valores culturais e regulado pela sobrevivência (ausência de regulação), mas somente potencializar características do homem quando, em alguma medida, está despido de sua formação cultural. Temos nesse jogo de forças o personagem do oftalmologista, especialista em visão, líder natural da turma confinada em um “campo de concentração tratado como imagem do inferno”, que entra em embate de cara com o líder da turma avessa a regulações. A falta de regras e de organização, contudo, produz uma tirania bárbara, com direito a cobranças de impostos, primeiro com objetos de algum valor, depois com o próprio corpo das mulheres. A contingência produz o bárbaro ou, de forma mais ontológica, o bárbaro é bárbaro em si mesmo, precisando da contingência apenas como pretexto?

Essa questão nos propõe um retorno a Cidade de Deus, sobretudo ao jogo de valores entre Buscapé e Zé Pequeno, um vacinado contra qualquer gesto do “mau”, o outro incapaz de sair desse registro maniqueísta. Também podemos ser remetidos a Jardineiro Fiel, especialmente ao protagonista na parte final, que, saído de sua cegueira, tem de agir no sacrifício ao ganhar a luz da consciência. Em Cidade de Deus, pobres se auto-dizimam. Em Jardineiro Fiel, os europeus manipulam, como se agissem com ratos, a população de um país africano. Em Blindness, não há mais diferença de classe e de status social possíveis, porque, diante da falta da visão, nenhuma imagem mais pode diferenciar uns e outros. O que os determina, no fundo, é o nível de solidariedade. Há quem estenda a mão e há quem tire vantagem de alguém em necessidade.

E há quem enxergue. Seria a única personagem com visão vacinada contra a cegueira ou exclusivamente apta a guiar os demais pela brancura total? Essa personagem com visão, que poderia ser aproximada dos intelectuais impotentes e abertos ao sacrifício dos filmes dos anos 60 (brasileiros ou não), carrega algumas das principais chaves do filme. Por ser a única a enxergar, por ver o espaço e ver as pessoas, ela leva algumas vantagens, claro, mas, também por isso, precisa se fingir de cega. Enxergar pode ser perigoso. E cruel consigo mesmo. Porque quem enxerga tem tarefas morais, tem de fazer uso seu diferencial e, embora ao final o narrador ocasional nos informe sobre o aparente desejo dela de ficar cega, para mais nada ver, a personagem de visão antes age: tanto limpa seu mundo da tirania como briga como animal por comida para sua turma de zumbis vivos e cegos. A luz como razão, aos poucos, vai se tornando trevas. Será necessário agir como cego, com instinto, sem as bases da cultura e das regulações quaisquer (legais, éticas e morais), de modo a se resistir ao fenômeno coletivo.

Na imagem final dessa personagem com visão, portanto, está uma das nebulosidades de Blindness. Um plano subjetivo. Ela olha para céu, vemos apenas o branco, mas a câmera, talvez acompanhando o movimento de cabeça da personagem, desce do céu para a cidade ao fundo, saindo do branco para a imagem. Essa imagem seria o retorno à normalidade? Mas que normalidade pode ser possível após a destruição de tantos paradigmas em tão pouco tempo e com a revelação da solidariedade como sentimento e como ação em extinção em um mundo de excessos transformado em mundo de faltas? Blindness termina com a imagem de uma cidade morta.

Há uma doença naquele mundo, como havia em A Peste, de Luiz Puenzo, baseado em Albert Camus, outra operação transnacional na América Latina, coincidentemente também marcado pela contaminação de uma população. Podemos ainda pensar em Tempo de Lobos, do alemão Michael Haneke, com sua ação confinada em um trem e no entorno da embarcação, com personagens a espera de uma saída para uma situação sem luz. E também há possibilidade de se fazer uma conexão com a fase anos 90 de Wim Wenders, sobretudo Até o Fim do Mundo. A referência mais recente é Fim dos Tempos, de M Night Shyalamalan, guardadas as diferenças abismais. Shyamalan é um cineasta primoroso no cultivo da expectativa e da tensão. Embora seja preocupado demais com explicações para seus mistérios, atenuando a força desses mistérios, há um investimento convicto no envolvimento do espectador pelos efeitos do enigma e pelo enigma em si.

Essa não é uma questão para Blindness. Já começando no meio da cegueira, sem apresentação de personagens (com ligeira exceção para o casal central), o filme só se interessa pelos efeitos do fenômeno. Não existe um antes ameaçado pela epidemia. O antes é o antes do filme, é nossa própria vida e nosso próprio mundo. No filme, só há o depois da cegueira, quase uma ilustração de algo aparentemente a ser transmitido como sentido, embora esse sentido não esteja claro. Isso diminui bastante a “humanidade” do material e acentua seu caráter simbólico. Que relações podem ser construídas com essa cegueira e com esses efeitos de cegueira? Se há inegável caráter político nesse material, ainda mais quando aponta suas câmeras para imagens relacionadas ao consumo (marcas/grifes, por exemplo), ainda mais quando passa um marcador de textos (de imagens, no caso) em circunstâncias de “acúmulo” e de “roubo”, esses elementos explicitamente significantes não se tornam significativos, justamente, porque há uma indecisão entre se fazer um filme-sensação do mundo e fazer um filme sobre a visão para esse mundo.

Em dados momentos, corpos e objetos são apagados do espaço por uma operação do filme, não de fenômenos internos, e esse apagamento da instância narradora, que faz desaparecer as imagens criadas por si mesma, parece sintomático. Porque a até então aparente aproximação do filme com a cegueira dos personagens passa a ser uma cegueira imposta pelo filme a nós, tendo em vista que não é um apagar de imagens para os personagens, caso da cegueira, e sim um apagar de corpos no filme para o espectador. Portanto, Blindness não é um filme cego, vítima de um processo, mas um filme que produz a cegueira. E o que quer apagar? Para que? São questões que, nesse e em outros filmes de Meirelles, exceção feita ao quase pedagógico Jardineiro Fiel, nunca têm respostas – ou não nos filmes, pelo menos.

Setembro de 2008

editoria@revistacinetica.com.br

quinta-feira, 18 de setembro de 2008

Maravilhoso

domingo, 17 de agosto de 2008

A casa vazia

http://www.3ironmovie.com
Lindo filme. Tráz um desejo de não estar em lugar algum. Um pensar sobre a delicadeza. Um pensar sobre o amor. E a ilusão do viver. LINDO!!!!



A Casa Vazia



Um homem invade casas enquanto os donos estão fora, realizando pequenos serviços para pagar a estadia. Até que encontra uma mulher que leva uma vida parecida com a dele.

vazio

MILONGA DE SOMBRAS (Jaime Vaz Brasil)


(As Graduais Sombras
em Jorge Luiz Borges)

As sombras que me rodeiam
virão um dia cegar-me.

Seus vultos lentos e escuros
incitam mudos alarmes.

O vidro das ampulhetas
espelha as sombras que sinto.

na luz que os poucos se afasta
perdida em meus labirintos.

A mão que empunha o destino
e entre as sombras passeia

derrama sobre meus olhos
negros punhados de areia.

Um tigre manso e selvagem
nas cores forja o oposto

enquanto garras de sombra
insere contra meu rosto.

A noite áspera e longa
põe vendas em minhas vistas

e em suas sombras perenes
me aflige e me conquista.

A mão que empunha o destino
punhais de sombra me entrega;

e me reflito, impassível,
em suas lâminas cegas.

A Ilusão Da Casa (Vitor Ramil)

As imagens descem como folhas
No chão da sala
Folhas que o luar acende
Folhas que o vento espalha

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens descem como folhas Enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei

As imagens se acumulam
Rolam no pó da sala
São pequenas folhas secas
Folhas de pura prata

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens se acumulam
Rolam enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei

As imagens enchem tudo
Vivem do ar da sala
São montanhas secas
São montanhas enluaradas

Eu plantado no alto em mim
Contemplo a ilusão da casa
As imagens enchem tudo
Vivem enquanto falo

Eu sei
O tempo é o meu lugar
O tempo é minha casa
A casa é onde quero estar
Eu sei

terça-feira, 12 de agosto de 2008

seis

Estive pensando naquela teoria de que se você conversar com seis pessoas desconhecidas, descobre que de alguma forma elas se relacionam com alguém que você conhece. Se pensarmos em Florianópolis/SC, isso é muitíssimo provável. Ô cidade para encontrar alguém que se conhece. Você fica na fila de algum lugar, não importa se no centro, no Pântano do Sul ou na Cachoeira do Bom Jesus rsss, começa a conversar e.....descobre que tal pessoa que você nunca viu antes é amiga da sua amiga. Louco não??? Conversei com outras pessoas de diferentes idades, pensando que isso se daria para mim pois moro aqui a trinta e dois anos então, é bem provável, numa cidade com, sei lá 270 mil habitantes, encontrar alguém que conhece alguém que você conhece, rsss. Mas até os mais jovens dizem que isso ocorre com eles também, então é possível que esta teoria está certa, pelo menos nesta Ilha.

É realmente difícil imaginar tudo que pode nosso cérebro

Berlim, 19 jun (EFE).- Cientistas alemães da Universidade de Braunschweig desenvolveram um capacete que permite dirigir modelos de automóveis com sinais cerebrais sem contato elétrico direto e que poderia ajudar a controlar cadeiras de rodas e conduzir próteses.
"Com isso, torna-se realidade o sonho de conectar de maneira sensível o cérebro a uma máquina", explicou hoje o professor Meinhard Schilling, do Instituto Técnico de Medições Elétricas e Princípios da Eletrotécnica da Universidade de Braunschweig, no norte da Alemanha.

A nova tecnologia tem sua base no encefalograma clássico que é utilizado em medicina e que mede as atividades cerebrais segundo as oscilações da tensão na superfície craniana, com um computador que transmite os sinais.

O diferencial do novo "brain-computer-interface" é que ele funciona sem contato direto elétrico entre a cabeça e o aparelho, já que os sinais cerebrais são registrados pelo capacete sem a necessidade de colocar na pessoa um capuz elástico com eletrodos e aplicar algum tipo de gel, como é feito nos encefalogramas clássicos.

Segundo Schilling, o capacete é colocado sobre a cabeça e entra em funcionamento em questão de segundos. O cientista disse ainda que quem o utilizar só precisará se concentrar em um modelo exemplar que poderá ver em uma tela no visor do aparelho.

Para dirigir o modelo de automóvel utilizado nos experimentos, a pessoa interessada contempla na tela dois quadros de xadrez que piscam com freqüências diferentes.

Se o ser humano concentrar sua visão no quadro esquerdo, o veículo vai para a esquerda, e se concentrar no direito, o modelo de automóvel vai para a direita. Já se o olhar não se concentrar em nenhum dos dois quadros, o veículo segue um caminho retilíneo.

Com amplificadores, os cientistas conseguiram que os sinais fossem representados como um mapa na tela do capacete.

"Cada sensor, que se concentra nos sinais do centro de visão do cérebro, tem o tamanho de uma moeda e, com isso, praticamente o comprimento de um eletrodo convencional de encefalograma", disse o professor.

A Universidade de Braunschweig trabalha no projeto com a Clínica Universitária Charité de Berlim e com o Instituto Fraunhofer de Arquitetura de Cálculo e Tecnologias de Software da capital alemã.

EFE jcb/fh/rr
fonte:ultimosegundo.ig.com.br

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

Eco...



Esto que estás oyendo
ya no soy yo,
es el eco, del eco, del eco
de un sentimiento;
su luz fugaz
alumbrando desde otro tiempo,
una hoja lejana que lleva y que trae el viento.

Yo, sin embargo,
siento que estás aquí,
desafiando las leyes del tiempo
y de la distancia.
Sutil, quizás,
tan real como una fragancia:
un brevísimo lapso de estado de gracia.

Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco....

Esto que canto ahora,
continuará
derivando latente en el éter,
eternamente....
inerte, así,
a la espera de aquel oyente
que despierte a su eco de siglos de bella durmiente...

Eco, eco
ocupando de a poco el espacio
de mi abrazo hueco....

Esto que estás oyendo
ya no soy yo...

Quero ser...

Ontem assisti novamente "Quero Ser John Malkovich" e refleti sobre a metalinguagem e a brincadeira deste filme. Tantas vezes queremos ser outro, outros; mal conseguimos nos equilibrar naquilo que somos. Quantas vezes nos sentindo só, não conseguimos conviver com que somos, nossas manias, costumes, e padrões rotineiros? Nosso espelho é sempre os olhos do outro, nos vemos através do outro. E se pudéssemos, realmente, "entrar" na cabeça/mente do outro? Neste filme um titeiro descobre um portal para a cabeça de John Malkovich e passa explorar economicamente esta experiência, até que passa a manipular totalmente John Malkovich e este passa a ser o titeiro no corpo do ator. Complexo.
Quanto é passível de manipulação do ou o outro que somos nós mesmos?? Quanto projetamos no outro nossos desejos e frustrações?? O quanto queremos que o outro se torne o que nós queremos?? E isso se aplica a qualquer outro. No trabalho, na família, no amor. Queremos sempre que corresponda nossas expectativas, e quanto ficamos contrariados quando isso não ocorre.



UM DIA VOCÊ VAI SERVIR A ALGUÉM
(GOTTA SERVE SOMEBODY)
Bob Dylan
(Versão: Vitor Ramil)

Você pode ser rei no país do futebol
Pode ser viciado em bingo e nunca ver a luz do sol
Você pode ser um mago e vender livros de montão
Pode ser uma socialite, enriquecer vendendo pão

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Pode ser incendiário e fazer um índio arder
Você pode ser o índio vendo a chama acender
Pode ser um bom ladrão, pode ser um mau juiz
Pode ter um passado limpo, pode ter uma cicatriz

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Você pode estar na mídia sem saber porque
Você pode ser dono de uma rede de TV
Você pode dar o fora tendo tudo pra ficar
Adotar um nome diferente, você pode mesmo se isolar

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Você pode trabalhar na construção civil
Pode estar desempregado, com a vida por um fio
Você pode ter poder, fazer coisas que ninguém fizer
Pode ter mulheres numa jaula, pode ter as drogas que quiser
Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Você pode desejar a cura com Lacan
Você pode procurar os serviços de um xamã
Você pode ser um pregador, chutar os santos do altar
Você pode ter um bom discurso, você pode nem saber falar

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Você pode ser demente, pode ser doutor
Você pode ser sincero, pode ter rancor
Você pode ser um crente, você pode ser ateu
Pode ser um leitor vaidoso ou uma miss que nunca leu

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

Você pode ser turco, pode ser nissei
Pode estar ali na esquina, estar onde jamais pensei
Você pode me adular, você pode me esquecer
Você pode estar me ouvindo agora, você pode mesmo nem saber

Mas um dia vai servir a alguém, é
Um dia vai servir a alguém
Seja ao diabo
Ou seja a Deus
Um dia você vai servir a alguém

quarta-feira, 23 de julho de 2008

O BARRO



Então, aquele discurso de Betânia não ficaria, obviamente, sem instigar, divagar (sendo eu tão pragmática, como diz Adri, não poderia deixar de continuar por ai filosofando, metaforizando, para ter uma resposta rsss) na rede massificada onde nem tudo é bom nem tudo é "verdade", nem tudo é real, nem tudo é virtual embora virtual, nesse emaranhado de universos possíveis e passiveis de encontros e desencontros, e ainda, possibilidades de expandir nossas reflexões ou perdermos completamente nossas referências, ficarmos tão perdidos de link em link...

Encontrei algo interessante, e vasculhando encontrei um trabalho fotográfico de Misha Gordin, que gosto muito. Pensando ainda em massificação e expressão, corpo e conceito, meio e mensagem. Bom, para suas próprias conclusões. Lembrando que o processo de Misha Gordin é feito com o mais tradicional da fotografia de laboratório sem retoques digitais, e ainda assim é incrível. deixo o sit para visitarem o portfólio. E aqui as fotografias que separei sobre o que estamos falando:

http://www.bsimple.com/shout.htm











terça-feira, 22 de julho de 2008

tatuagens literárias - moda ou devaneio?

Achei interessante esse artigo sobre tatoo, deixei um post no mesmo se alguém se interessar em dialogar...
http://blog.uncovering.org/archives/2008/07/tauagens_litera.html


e este é meu comentário:

Acho incrível que algo tão particular gere tanta polêmica. O que faço com meu corpo ofende? É para pensar. Talvez o outro pode ser espelho e então não gostar do que vê? Ou gostar? Acredito que jamais entenderemos o "outro" que habita em nós quanto mais o outro que "vemos". Temos várias maneiras de manipular o próprio corpo mas acredito não ser suficiente pensar que somos só corpo e que uma Tatoo talvez seja exibição, pode ser também, e daí? Não nos pintamos?? Furamos a orelha?? Usamos um sapato novo?? Um adereço qualquer? O corpo sempre foi suporte para o ser humano. Tanto nos tempos primevos como os de agora. O corpo pode ser mensagem, a dança por exemplo, o canto?? Cantar ofende?? Dançar ofende?? Depende que como chega aos olhos e ouvidos do "outro". Acima de tudo acredito que nós seres humanos queremos nos expressar, nos comunicar, consigo e com os "outros". Envelhecer também faz parte da mensagem que nosso corpo envia ao tempo, ter desenhos/letras/símbolos que envelhecem junto com a pele pode traduzir ainda melhor essa passagem, como os relógios de Dalí.

"sem conhecer os guardiões insanos que habitam o oceano" é uma das frases/letras que trago tatuada em meu corpo-mensagem-meio-comunicação.

"Viver é a arte de passar pelas frestas" (Ana Rego Monteiro

Ulisses

Não senti vontade alguma de escrever aqui, neste espaço, por um longo período. Mas hoje acordei muito bem e com muita vontade de contar. Finalmente consegui dormir tranquilamente, profundamente, sem interrupções, sem intermitências, sem pesadelos. Acredito que estou muito perto, de ter conseguido acalmar meu "coração selvagem" . Viver somente este dia não quer dizer não ter planos, mas compreender que tudo pode mudar o tempo todo, então ter ações mais atentas. Buscar compreender o tempo relativo que se vive. Sentir cada momento, fazer o próprio tempo. Ter prazer em fazer pequenas coisas e estar inteira em cada uma delas, mesmo as mais banais.
Preparar uma demorada refeição, quando o que importa não é somente o comer mas o efeito ao longo de todo processo de feitura. Para quem estou cozinhando, com quem converso, quem colabora na deliciosa aventura de manipular alimentos. (sei, alguns vão rir, nunca tive muita afinidade com a cozinha, mas é isso, descobrir coisas que eram aborrecidas como algo prazeroso e momento de trocar carinho). Sim cozinhar é uma forma de carinho. Penso que momentos de felicidade são aqueles em que se prepara algo pensando na beleza, na sensação que causará nas pessoas, no prazer de conviver. "Somente o que interessa".
é muito preferível, pelo menos do meu ponto de vista, ter poucos amigos mais cultivar essas amizades como se cuida de um bonsai, de uma orquídea, de um jardim, com responsabilidade e prazer, do que ter tantos conhecidos que não se aprofundam nas relações. Relação superficial que parece atitude das corporações, muitos contatos dos quais você pode se valer para atingir algum objetivo mas que jamais convidaria para compartilhar sua casa.
Tenho sim, pelo menos por ora, acalmado meu ser interior (já sendo redundante rsss). Acredito que é preciso coragem para tomar a própria vida nas mãos. Não quero ser alguém "lendo Maiakóvski na loja de conveniência" ser culpada de desperdiçar a própria vida, não, quero andar com calma olhando o que me circunda, olhar tão profundamente quanto possível cada instante, estar atenta para as pessoas interessantes que chegam, para o gesto que antes não havia notado, aceitar o carinho do outro como um gesto verdadeiro, pelo menos o seu gesto.

sexta-feira, 13 de junho de 2008

Exercício

Há um exercício que gosto muito. Vi, não lembro bem, talvez em um filme. Falar qualquer coisa que venha a mente um espaço de um minuto, escrever essas coisas (certamente a escrita não acompanha a velocidade do pensamento e alguma coisa se perde) mas o exercício é bom para "liberar" o que temos guardado e nem sabemos:

Edificante, fracote, navarro, Almodôvar, carne, tudo , nada sexo, paixão, merda, queridos, mané, em fim, sobras, retalhos, pisastes, pivetes, calcanhar, latrina, ladainha, zénite, carro, roubo, merda, filme, cinema, merda, câncer, escória, glutão, inferno, merda, tosse, catarro, asfixia, insano, maré, Calcanhoto, lambuzada, assim, sim, festa, caso, não, sim, falso, mercado, pulgas, asma, doença, aspirina, lavar, compras, piano, música, praia, coisas, fútil, ignóbil, Inácio, escrava, lentidão, asmático, febre, somático, ânsia, filme, música, cinema, caverna, cospe, empurra, lotado, nada, merda, putz, andarilho, risos, quanta merda, não sim, falso, ainda, nenhum, como?, latrina, mente, impor, limpar, mover, de ti, nada, ainda concebo, quando? em quem?, como? perguntas, vazio, escrita, câncer, lóbulo, labirinto, ânsia, coisas, carcinoma, macio, expurgo, louca, quantos: porque, por que, então, ainda, nada, quero, mais, doce, azedo, mostarda, lóbulo, lambuzar, orelha, naftalina, morto, caixão, vermes, morte, vida dançar, inerte, expurgatório, expulsar, expulso, pulsar, via, ainda, como? tela, cinema, beijo, carne, frango, idiota, nada, flores, vazio, janela, fechar os olhos, fechar a boca, parar, andar, ir somente, tremer, medo, coisas inúteis, vida, único, vazio, janela, ponte, merda, caralho, coisas, vocabulário, soltar...

Realmente divertido, tente, você verá quanta coisa temos guardada no labirinto mente.

Uma pitada de discórdia para alegrar o dia:

Quando um não é sim?

Por saber que o outro mente, estaria esse outro dizendo a verdade quando diz não?
Ao dizer sim certamente estaria mentindo, porém como mentiroso reconhecido, ao dizer não estará dizendo sim?

Fiquei magoado, não por me teres mentido, mas por não poder voltar a acreditar-te-(Friedrich Nietzsche)

segunda-feira, 2 de junho de 2008

“NINGUÉM É TÃO AUSUFICIENTE QUE NÃO POSSA RASTEJAR” (Zeca Baleiro)

O maior problema em escrever, para mim, é quando surge a intermitente pergunta:
Prá quem?
Quando comecei escrever este blog, pensei: será uma maneira interessante de auto-reflexão, auto-análise. Mas timidamente, travada, não conseguia me expressar. E vinha a pergunta: quem lerá isto???? De quem ou do que me escondo???E estava eu lá sentada em frente ao virtual e nada me fazia sentir – “socorro eu já não sinto nada Mentir e ser preguiçosa busquei em Bergman minha justificativa, mas ainda não explicava. Confuso???
E a pergunta: Escrever, prá quem?
A iniciativa inicial era pra mim, mas enquanto escrevia, pensava, outros também lerão. Então, ao escrever me liberto ou caio em armadilhas que deixo pelo caminho. Se penso que alguém aportará, feito gaiato, em minhas trapaças, não estou eu trapaceando comigo mesma? Como não mentir, ou quantas verdades fazem uma mentira, quantos falsos fazem um verdadeiro ( se nem sei o que significam estes conceitos mutantes).
Ao me expor estou eu pensando só em me libertar dos meus fantasmas? Mas se escrevo pensando que alguém, de relance, ou mais atento, partilhará meus escritos me recolho.
Mas recolher-se contraria a iniciativa de liberdade de pensamento. Então me escondo novamente em versos de outros, em versos meus, em coisas e músicas que gosto, tentando me mostrar mas ao mesmo tento não ficar visível, num jogo de claro e escuro. Tenho vontade de pular, saltar do edifício mais alto mas é difícil dar o salto. Minhas emoções turbilhão oscilam conforme os ventos em alto mar. O equilíbrio, sempre, procurar o equilíbrio. Mas nunca esquecer a altura e o fio tênue que me separa do chão. Verdadeiro. Sinto frio, minhas mãos suam. Falso. Quero ser vista. Verdadeiro. Reconhecida. Falso. Invisível. Verdadeiro. Afastar o que há entre o medo e o pavor. Falso. Aproximar o falso e o verdadeiro. Verdadeiro. Falsear as emoções. Falso verdadeiro. Verdadeiro falso.
Então quem lê? Está ai? Na escrita? Quem escreve está aí? Mutar-se. Reinventar-se. Basta apenas decidir e seguir em frente. Atravessar o mar. Mas não. Continuo ali paralisada na primeira linha.

sexta-feira, 30 de maio de 2008



http://br.youtube.com/user/BrujaVolandera

Adoro esse cara...

Agora chega..

Bom, agora chega...


http://br.youtube.com/watch?v=uPfkVrOMsn0
(Pintura: Esteban)
Sem parada


Teu fantasma na luz
Incandescente da lua
Que entra em meu quarto.
Teu fantasma, espectro de dias não vividos,
De desculpas não aceitas, de mágoas não choradas,
De flores guardadas num livro que não sei qual é
E, estupidamente me agarro pensando
Haver ali, mais que o mofo desse sentimento
Que permanece inerte, numa noite qualquer, em uma praia qualquer em que havia essa mesma lua branca inerte incandescente.
Do meu torpor a pergunta:
Quando cessa o sentimento, quando se transforma em esquecimento?
Como pode ainda esse hábito insone de lembrar só sua figura?
De que forma ...... os escrúpulos do amor?
O amor tem escrúpulos?
Tanto renego esse amor melado, pegajoso, andarilho de lugar algum.
Por que uma luz diferente, um foto amarelada em que aparece seu sorriso, que ainda hoje deve ser o mesmo. Franco?! Transforma planos em nada?
Amores em desilusões. Um coração quieto e certo, em um órgão taquicárdico, num corpo ofegante?

quinta-feira, 15 de maio de 2008

http://www.estantevirtual.com.br/


ESTANTE VIRTUAL



Ótimo. Você encontra muito livro em bom estado. Na maioria das vezes, vale o frete, e ainda assim, acaba saindo mais barato que nos sebos daqui. - Floripa. A entrega é confiável. Recebi todos os que encomendei, tranquilamente, na data informada.Eu mesma já tenho uma estante como livreira particular.





[ ... ]

Sirvo o vinho fino
de tonalidade apreciada
e sabor remanescente
do carvalho francês
convido-lhe a degustá-lo

Se ainda houver tempo
de dissolver a frieza
que se abateu sobre mim
que me cercou antes
que pudesse percebê-la
sem defesa, tomou-me.

Contemplo a taça à mesa
a pouca distância
um vaso curvilíneo
de cor transparente
acolhe uma orquídea
de rara beleza
o toque leve de tua mão
passa a acariciá-la.

Suspendido
prezo por um fio
gélido
observo diminuir o diâmetro
aumentar o comprimento

o vinho passeia pelas veias
é tramado pela teias
suspense, até que
um som se propague
o barulho do corpo
estatelado ao solo.

Não inspira música
também não serve
de motivação ao desejo
a não ser que mórbido
porém, o esperado
dado a circunstância
do romance.

Os lábios ignoraram o líquido
não sorveram o peculiar merlot
o reencontro não foi selado
parece ter sido adiado
ou odiado!

Algum tempo depois
a mensagem é manifesta
a mulher
que não soube me amar.


(D. R. S. M.)

RESPOSTA






Seu lugar teima em ficar vago. Meu coração arrefece mesmo no inverno. Então... que venham os ventos insanos
Que nada há para discordar em um "coração vagabundo" como querem uns, ou "coração selvagem" como prefiro.

Ainda assim meu corpo parece inerte num dia de chuva longinquo, olhando um vulto ao longe em meio ao temporal. Nem sei quando virá o sol, mas a chuva até me conforta, pois nela tenho a imagem... Teimo em não ver a claridade que se derrama todos os dias em meu quarto. Ainda a penumbra
Ainda a mesma cegueira confortável
Ainda todos os não nascidos defloram as rosas
Ainda a mesma dor amiga lembrando o acordar cotidiano
Ainda o mar - meu único e irremediável - destino

segunda-feira, 28 de abril de 2008

sexta-feira, 25 de abril de 2008

POEMAS FRIOS

Galeria de Arte Moderna Washington DC.







VAZIO


Minha alma está vazia.
Meu corpo é só um corpo
dissolvido na montanha.

O canto cínico do poeta nada me diz.
Mentiras, mentiras
se espalham com a chuva
E na neblina
Deixo meu pranto morto.




NOITE

A noite mostra a boca
Cheia de dentes-estrelas.
A lua derrama-se.
Corro esconder-me.
É demais suportar essa paisagem sem seus olhos.
Mentira!?

Sonho loucuras
com você chegando agora.
À meia-noite. Que lindo!!!
Seu sorriso estampado.
Seus dentes de agulha.
Mas não há improviso.




RODOVIÁRIA


Madrugada fria na rodoviária.
Alguns mortos-vivos circulam ou dormem
pelo ambiente, em meio aos vegetais que fazem o trabalho de limpeza.
Tua ausência ocupa o lugar de tua chegada.
O vento corta a manhã.

sexta-feira, 4 de abril de 2008



Me sinto rente a um mundo destruído

Nem sei se quero me salvar

Talvez sair como louca pelas ruas

Mas as ruas não vão para o mar

O mar continua distante
(Foto: Jan Saudek,Dawn No. 1, 1959)



"Me sinto o ralo...

tragando sensações liquefeitas"

(Denovac, Adri)
(Foto:Jan Saudek,1953)

terça-feira, 25 de março de 2008

Podem deixar seus comentários, parece que não serão postados mas o que acontece é que recebo por e-mail o que vcs escrevem. Então vcs mandam o recado e eu publico. Assim que descobrir como faz para postar direto eu aviso.
BJIM
Cel
Pensando sobre o delírio do sábado.

Acredito ter havido uma grande confusão com o que realmente seria aquela ausência, no loooooongo sábado a noite ( que aliás, era sexta-feira). Não, o que está escrito aí em baixo não é amor - talvez pense assim para me defender - mas é explicito demais para ser amor. Amor é mais sutil, carnal sim, (pois o que seria do amor sem o desejo?) mas não tão sexual. Amor me parece ser mais delicado, com olhares para a natureza, para as cores do entardecer, para os risos, para mãos entrelaçadas, para cumplicidades, para cuidados mútuos.
A ausência sentida alí me parece somente deseo ( mon dieu! quando é que isso acaba??). Algo como querer resolver o que não se resolve "o que será que me dá, que brota a flor da pele". Não, realmente não. Aquela ausência era só um corpo solitário embevecido de memórias táteis.
Somente fazendo o exercício, olhar de longe, tentar verificar o que a si mesmo agrada e o quanto podemos nos equivocar com nossas sensações.
Quantas vezes, nos confudimos com o amor, com o afeto, com o desejo. Em alguns relacionamentos, de tão confusos, nos engamos e continuamos a nos enganar somente pelo prazer, empurramos nossos erros para longe e só queremos buscar aquilo que nos dá o alívio imediato. E vamos dizer a verdade, o desejo de ter, na maioria das vezes, é confundido com o desejo de amar. De querer alguém para suprir nosso vazio ou tornar a nossa vida menos enfadonha, trazer alguma emoção para o dia-a-dia. Alguém com quem possamos falar daquele momento do dia em que fomos surpreendidos por algo que nos fez refletir. Talvez um filme que nos tocou. Alguma conversa ouvida no ônibus que nos fez rir. Alguém estranho que enconctramos na rua...
Outras vezes ficamos cegos de tanto amar, não conseguimos detectar o pesadelo que estamos nos tornando para o outro, que nos conheceu de um jeito mais brando e forte. Não falo aqui do egoísmo no amor, esse será outro tópico, com certeza. Falo aqui, daquele amor maduro que liberta, que ouve, que consegue enxergar no outro, não a sua metade que falta, mas sim, aquilo que vai além de você, que acrescenta a você coisas que não conseguia perceber. Falo desse amor libertário, que se torna nítido quanto mais forte vai ficando. Também não falo daquele amor rotineiro de beijinhos de: tchau vejo vc no jantar, " e me beija com a boca de ortelã" não, esse amor que parece definitivo de tão acomodado.
O amor deve ser reinventado. Respirar a feitura do dia após o outro, burlar as próprias regras, desacomodar, ser inseguro e provocador a ponto de sempre estarmos achando que estamos pulando do alto de uma montanha, vendo tudo que há em volta e com muita emoção mas, ainda assim, saber que está alí envolto pelas cordas que permitem o vôo e o pouso. E então, olhar para o alto e querer pular novamente.

segunda-feira, 24 de março de 2008

AUSÊNCIA




É no sábado a noite que ela vem...
Mais forte que eu
De Mansinho chega
Me afaga
Seduz
Tateando meus poros
Toca minhas veias sob a pele

Meus olhos...

Os hibiscos no vaso
A luz refletindo estrelas na parede
Com volúpia,
Quase a força,
Num impulso
Toca meus lábios
Desliza em minha cintura

Mente vazia
Só penso seu sexo em minha boca
Coerência
Clamo clemência
Seu olhar me ilude

Entra em mim...
Sua língua quer alcançar minha alma
Desligo...

Tateia meu corpo insano já.
Me convida a ficar.

A sombra do seu corpo,
Espectro na parede.
Quem é
Maldita, quero-a morta

Tão longo o sábado a noite!!!
É você aqui
Minha única e inconsolável companhia.

domingo, 16 de março de 2008

Conversas no coletivo

_ Meu irmão eu vou é faze que nem tu. Vou trabalhar de cobrador um ano, depois de motora por dois ano e ai e compro uma carreta com o dinheiro que economizei.
_É.
_É isso mesmo que vou faze. Mas não é uma carreta daquelas não. É daquelas grande pra dormir na cabine nos posto de gasolina, por estas estradas tudo de meu Deus.
_ Tando com Deus tudo se resolve.
_É isso mesmo não pode se afastar da palavra dele.
_Não sempre to orando e vou conseguir fazer tudo issso.
_É.
_Ô meu, tem cada princesa aqui né??
_É!!!
_O homem perde até o raciocínio...
_É!!!!
_Isso é coisa de Deus, as mulher ser assim. Elas enfeitiçam os homem, deixa os homem tudo bobo, deixa os home tudo desnorteado e depois faz a gente de bobo. Aí a gente fica pilhado e tem que obedecer. Isso é coisa de Deus prá aprumar os homem.
_É!!!
_Tem também os que são peroba...é são peroba meu...(risos)
_Deus me livre de uma coisa assim.
_è e tem mulher peroba também.
_É!!!
_É muito feio peroba, homem gosta de homem mulher gosta de mulher.
_É!!
_ (risos) Eu tenho um irmão que é peroba cara, ele é economista e muito distinto, mas é perooooooba.(risos) ele gosta mesmo é de roçar a barba no cangote do outro.(risos)
_(risos)
_ O meu tu tens que ir lá na igreja, já disse todo dia de primeiro de janeiro a trinta e um de dezembro, todo dia as nove horas. Não deixa de ir.
_Tá.
_Tchar irmão.Fica nas mão do Senhor. E aparece lá na Igreja.
_Tá. Tchau.


Bom, agora basta tirar as conclusões(por favor sem preconceitos ok??) e pensar que final de domingo pode ter alguém que houve um diálogo desse.

Assisti "Cama de gato", um filme interessante e que promove algumas questões, digo que não só pela abordagem: gênero, idade, classe social, mas sim pelo discurso senso-comum que temos todos nós. Então após ouvir o diálogo acima, refleti o quanto trazemos, mesmo sem perceber, os vícios de julgamentos e falares desprovidos de sentido, apenas deixando as palavras pularem de nossas línguas como esgotos derramados pelas ruas.

O filme aborda também a impunidade mas, para mim, aborda nossa cegueira.
E reserva ainda para o final o soco que faltava.
Gostei muito e recomendo. A mim foi recomendado pelo meu amigo Adriano.











SinopseCristiano (Caio Blat), Gabriel (Cainan Baladez) e Francisco (Rodrigo Bolzan) são três amigos que moram em São Paulo, que assim que concluem o ensino médio decidem sair pela noite em busca de diversão. Em sua tentativa de se divertir a todo custo eles acabam estuprando e matando uma adolescente.

Curiosidades- Foi produzido em vídeo digital, com algumas seqüências em celulóide. - A trilha sonora é composta por músicas de bandas desconhecidas, selecionadas através de uma campanha pela internet.- Estréia de Alexandre Stockler no cinema. - Teve um orçamento de R$ 13 mil, sendo que toda a equipe técnica e elenco não cobraram cachê. Fonte http://www.adorocinema.com/filmes/cama-de-gato/cama-de-gato.asp

quinta-feira, 13 de março de 2008

quinta-feira

Então começo esse dia depois de um pesadelo em que um amigo mata outra amiga.
Revelador?? Talvez...penso que a caverna faz-se presente mais uma vez.. a vida como sombras projetadas na parede.
Timidez.... descaso???
Talvez "deixar de ser preguiçosa e começar a mentir" seja uma alternativa bastante interessante.. (Persona,Bergman)
Talvez apenas encarar este dia...sim, todos os dias uma fera a ser morta...procurar o silêncio das palavras ditas, mergulhar num abismo de palavras escritas...
Novamente o silêncio....

Ok. Vou tomar meu diazepam. Talvez eu consiga ser uma pessoa quase sã...





http://www.youtube.com/watch?v=HbbTBbIPPow

quarta-feira, 12 de março de 2008

é quase o que sinto...tão logo possa...

LIBERTAÇÃO.

O meu destino é partir.
Reunir as partes de todas as partidas e partir inteiramente.
Reunir as audácias sem retorno e fazer pedras de caminho
e das pedras pão e do pão rumos e de tudo forças sobre a terra sobre o dia.
Tudo no corpo em círculos concêntricos expansivos
como ecos de gritos noturnos.
Longe é um ponto cardeal qualquer.
Vim dessa íntima exatidão.
Vim do Distante em fuga em febre frontalmente
como uma falésia penetrando pelo mar alto
e sou a amazona e a heroína fatal da trama terrível que vou tecer ao sol com fios de saliva
da boca de monstros nas praias que ainda não há.
É esta emoção o sentido íntimo de principiar.
Um excesso de vibração cordas desfibrando-se.
batem martelos nos meus nervos incandescentes.
os olhos transformam-se em sóis vulcânicos
e a realidade das coisas inflama-se.
Metamorfose.
Enamorei-me de uma espada
beijo-a todas as manhãs todas as madrugadas
sempre grata livre Heróica.
Sei que há raras mulheres guerreiras
como raros homens oceânicos.
Tudo depende da exatidão férrea da alma.
Tenho loucura bastante para embebedar a infinita humanidade
passada e futura com a substância vital de alucinado Quixotes.
Meu corpo inflamável é um profeta que delira deuses.
Vinho novo em odres novos loucura nova em mulheres novas
para a plena possessão da embriaguez de si próprio.

(Paulo Renato Cardoso, in "órbitas primitivas" quasi, 2007)

o começo









Hoje...bom... hoje ....http://www.geraldinegeorges.be/