segunda-feira, 2 de junho de 2008

“NINGUÉM É TÃO AUSUFICIENTE QUE NÃO POSSA RASTEJAR” (Zeca Baleiro)

O maior problema em escrever, para mim, é quando surge a intermitente pergunta:
Prá quem?
Quando comecei escrever este blog, pensei: será uma maneira interessante de auto-reflexão, auto-análise. Mas timidamente, travada, não conseguia me expressar. E vinha a pergunta: quem lerá isto???? De quem ou do que me escondo???E estava eu lá sentada em frente ao virtual e nada me fazia sentir – “socorro eu já não sinto nada Mentir e ser preguiçosa busquei em Bergman minha justificativa, mas ainda não explicava. Confuso???
E a pergunta: Escrever, prá quem?
A iniciativa inicial era pra mim, mas enquanto escrevia, pensava, outros também lerão. Então, ao escrever me liberto ou caio em armadilhas que deixo pelo caminho. Se penso que alguém aportará, feito gaiato, em minhas trapaças, não estou eu trapaceando comigo mesma? Como não mentir, ou quantas verdades fazem uma mentira, quantos falsos fazem um verdadeiro ( se nem sei o que significam estes conceitos mutantes).
Ao me expor estou eu pensando só em me libertar dos meus fantasmas? Mas se escrevo pensando que alguém, de relance, ou mais atento, partilhará meus escritos me recolho.
Mas recolher-se contraria a iniciativa de liberdade de pensamento. Então me escondo novamente em versos de outros, em versos meus, em coisas e músicas que gosto, tentando me mostrar mas ao mesmo tento não ficar visível, num jogo de claro e escuro. Tenho vontade de pular, saltar do edifício mais alto mas é difícil dar o salto. Minhas emoções turbilhão oscilam conforme os ventos em alto mar. O equilíbrio, sempre, procurar o equilíbrio. Mas nunca esquecer a altura e o fio tênue que me separa do chão. Verdadeiro. Sinto frio, minhas mãos suam. Falso. Quero ser vista. Verdadeiro. Reconhecida. Falso. Invisível. Verdadeiro. Afastar o que há entre o medo e o pavor. Falso. Aproximar o falso e o verdadeiro. Verdadeiro. Falsear as emoções. Falso verdadeiro. Verdadeiro falso.
Então quem lê? Está ai? Na escrita? Quem escreve está aí? Mutar-se. Reinventar-se. Basta apenas decidir e seguir em frente. Atravessar o mar. Mas não. Continuo ali paralisada na primeira linha.

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