quinta-feira, 15 de maio de 2008




[ ... ]

Sirvo o vinho fino
de tonalidade apreciada
e sabor remanescente
do carvalho francês
convido-lhe a degustá-lo

Se ainda houver tempo
de dissolver a frieza
que se abateu sobre mim
que me cercou antes
que pudesse percebê-la
sem defesa, tomou-me.

Contemplo a taça à mesa
a pouca distância
um vaso curvilíneo
de cor transparente
acolhe uma orquídea
de rara beleza
o toque leve de tua mão
passa a acariciá-la.

Suspendido
prezo por um fio
gélido
observo diminuir o diâmetro
aumentar o comprimento

o vinho passeia pelas veias
é tramado pela teias
suspense, até que
um som se propague
o barulho do corpo
estatelado ao solo.

Não inspira música
também não serve
de motivação ao desejo
a não ser que mórbido
porém, o esperado
dado a circunstância
do romance.

Os lábios ignoraram o líquido
não sorveram o peculiar merlot
o reencontro não foi selado
parece ter sido adiado
ou odiado!

Algum tempo depois
a mensagem é manifesta
a mulher
que não soube me amar.


(D. R. S. M.)

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