terça-feira, 22 de julho de 2008

Ulisses

Não senti vontade alguma de escrever aqui, neste espaço, por um longo período. Mas hoje acordei muito bem e com muita vontade de contar. Finalmente consegui dormir tranquilamente, profundamente, sem interrupções, sem intermitências, sem pesadelos. Acredito que estou muito perto, de ter conseguido acalmar meu "coração selvagem" . Viver somente este dia não quer dizer não ter planos, mas compreender que tudo pode mudar o tempo todo, então ter ações mais atentas. Buscar compreender o tempo relativo que se vive. Sentir cada momento, fazer o próprio tempo. Ter prazer em fazer pequenas coisas e estar inteira em cada uma delas, mesmo as mais banais.
Preparar uma demorada refeição, quando o que importa não é somente o comer mas o efeito ao longo de todo processo de feitura. Para quem estou cozinhando, com quem converso, quem colabora na deliciosa aventura de manipular alimentos. (sei, alguns vão rir, nunca tive muita afinidade com a cozinha, mas é isso, descobrir coisas que eram aborrecidas como algo prazeroso e momento de trocar carinho). Sim cozinhar é uma forma de carinho. Penso que momentos de felicidade são aqueles em que se prepara algo pensando na beleza, na sensação que causará nas pessoas, no prazer de conviver. "Somente o que interessa".
é muito preferível, pelo menos do meu ponto de vista, ter poucos amigos mais cultivar essas amizades como se cuida de um bonsai, de uma orquídea, de um jardim, com responsabilidade e prazer, do que ter tantos conhecidos que não se aprofundam nas relações. Relação superficial que parece atitude das corporações, muitos contatos dos quais você pode se valer para atingir algum objetivo mas que jamais convidaria para compartilhar sua casa.
Tenho sim, pelo menos por ora, acalmado meu ser interior (já sendo redundante rsss). Acredito que é preciso coragem para tomar a própria vida nas mãos. Não quero ser alguém "lendo Maiakóvski na loja de conveniência" ser culpada de desperdiçar a própria vida, não, quero andar com calma olhando o que me circunda, olhar tão profundamente quanto possível cada instante, estar atenta para as pessoas interessantes que chegam, para o gesto que antes não havia notado, aceitar o carinho do outro como um gesto verdadeiro, pelo menos o seu gesto.

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